Refrão
Às vezes, oiço cada coisa e não fico OK
Às vezes, leio português que não está bem
Ninguém faz de propósito, eu sei
Mas acontece tantas vezes
– Ai, Jesus, minha mãe
Sei que, às vezes, eu pareço zangado
Mas isto faz-me ficar preocupado
Não quero ver nossa língua
Neste estado
O português anda a ser tão maltratado
Quando há faltas para amarelo
Entradas em pé em riste
Gente que em vez de «estiveste»
Pergunta «onde é que tu “estives-te”»
Às vezes, é deixar o hífen bem sossegado
E não pôr uma vírgula
Entre sujeito e predicado
Eu não sou perfeito, não sou uma Edite Estrela
Mas sei que não se pede uma “sande de mortandela”
Passam horas, dias, choro: fico muito triste
Quando “houveram novidades",
porque isso não existe
São raros os casos de plural do verbo haver
E são muitos os que compram um automóvel num “stander”
E isto não são histórias tipo “era uma vez”
Isto é o que se passa com o nosso português
Refrão
Se eu tivesse poderes,
Homens e mulheres não diziam «quaisqueres»
Eu sei que é difícil distinguir o “à” do
“há”
Para onde é o acento? Qual deles leva o
“h”? Oh, mãe!
E acredita, rapaz – que toda a gente é
capaz
De não escrever um “z” na palavra
“ananás”
E era maravilha – ver “você” sem cedilha
E que ninguém dissesse “há muitos anos atrás”
Aquilo que eu quero como tu muito bem
vês
Sendo muito sincero quero bom português
E tenho a certeza que toda a gente
consegue
Se até o JJ sabe dizer Lopetegui
Refrão
"Há-des" – isto assim não está bem
“Salchicha” – isto assim não está bem
“Devia de haver” – isto assim não está bem
E dizer “tu fizestes” também não está bem
Refrão
E já agora não digas “quero/mólhos/
para as batatas”
Porque também não está bem
É /môlhos/