Ah! se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar para ouvir a voz das coisas,
– Eu não era o que sou.
Se não fosse esta fonte que chorava
e como nós, cantava e que secou …
e este sol que eu comungo, de joelhos,
– Eu não era o que sou.
Ah! se não fosse este luar que chama
Os espectros à Vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
– Eu não era o que sou.
E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento que embalou
Meu coração e as nuvens nos seus braços
– Eu não era o que sou.
Ah! se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombras povoou
E de vozes sombrias meus ouvidos,
– Eu não era o que sou.
Sem esta terra funda e fundo rio
Que ergue as asas e sobe em claro vôo;
Sem estes ermos montes e arvoredos
– Eu não era o que sou.